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EFSA - Painel CONTAM
Nitratos nos Vegetais
06-06-2008
A EFSA faz o balanço entre os riscos para o consumidor dos nitratos nos vegetais e os benefícios de uma dieta equilibrada rica em vegetais e fruta

O Painel da EFSA dos Contaminantes (CONTAM) avaliou os riscos e os benefícios para os consumidores relativos aos nitratos nos vegetais e fruta e concluiu que os efeitos benéficos resultantes do consumo de vegetais e fruta superam os potenciais riscos para a saúde humana associados à exposição a nitratos através dos vegetais.

Os frutos e vegetais são componentes importantes de uma dieta equilibrada e saudável, e se forem consumidos diariamente em quantidade suficiente, podem ajudar a reduzir o risco de determinadas doenças. O Painel afirmou, que o consumidor médio consumindo cerca de 400g de mistura de vegetais e de fruta por dia[1], não ultrapassaria a Dose Diária Admissível para os nitratos (DDA)[2]. Na estimativa da exposição, o Painel assumiu que a totalidade dos 400g de fruta e vegetais ingeridos pelos consumidores poderiam potencialmente ser apenas vegetais, que são substancialmente mais ricos em nitratos que a fruta.

O Painel afirmou que uma pequena parte da população da União Europeia (2,5%), que são os grandes consumidores de vegetais de folha, poderiam exceder a DDA para o nitrato.

A EFSA foi solicitada pela Comissão Europeia para dar um parecer relativo aos riscos para os consumidores associados aos nitratos nos vegetais e para considerar o equilíbrio entre os riscos para a saúde e os benefícios de modo a proporcionar uma base científica para auxiliar os gestores de risco a definir estratégias futuras relativas aos nitratos nos vegetais.

O Painel CONTAM da EFSA foi apoiado por um grupo de trabalho de peritos que incluiu também um membro do Painel dos Produtos Dietéticos, Nutrição e Alergias da EFSA (designado por NDA).

Estudos epidemiológicos não sugerem que a ingestão de nitratos através da dieta e água para consumo esteja associado a um risco aumentado de cancro. No entanto o corpo humano transforma os nitratos em compostos, como o nitrito e o óxido nítrico que podem ter implicações possíveis para a saúde[3].

Josef Schatter, o Presidente do Painel dos Contaminantes da EFSA, comentando o parecer, explicou: “Nós avaliámos os riscos e benefícios de exposição a nitratos através dos vegetais e concluímos que os efeitos benéficos dos vegetais prevalecem.

As principais fontes de nitratos na dieta são os vegetais, as carnes curadas e a água para consumo, mas o vegetais e a fruta podem chegar a representar mais de metade, ou mesmo dois terços, do total da ingestão de nitratos. Os nitratos estão presentes na maioria dos vegetais em teores variados, mas o factor crítico para uma elevada exposição na dieta a nitratos não é a quantidade absoluta de vegetais consumidos, mas o tipo de vegetais (e.g. vegetais de folha) e as respectivas concentrações de nitratos. Vegetais de folhas verdes, como os espinafres, alface e rúcula contêm o maior teor em nitratos. Nos vegetais o conteúdo em nitratos também varia com outros factores, tais como a extensão de uso de fertilizantes azotados e a quantidade de luz solar a que os vegetais são expostos (os vegetais produzidos no norte da Europa têm tendência para conter maiores teores de nitratos).

De acordo com o parecer, não se considera provável que os vegetarianos e vegans (vegetarianos estritos), que consomem grandes quantidades de fruta e vegetais, possam exceder a DDA, uma vez que as necessidades em proteínas são normalmente supridas pelo consumo de cereais, nozes e leguminosas que têm baixo teor de nitratos.

Os vegetais como a alface e o espinafre já estão sujeitos a regulamentos da EU que estabelecem os níveis máximos de nitratos[4]. No grupo dos vegetais de folha, a rúcula tem os maiores níveis de nitratos, com base na informação reportada pelos Estados-membros. Por exemplo, os consumidores que ingerirem mais de 47 g de rúcula por dia poderão estar já a exceder a DDA, isto sem considerar qualquer outra das fontes de nitratos. A EFSA faz notar que este nível de consumo de rúcula numa base diária, não é provável que ocorra durante um período longo de tempo, pelo que considera que ultrapassar a DDA ocasionalmente não representaria uma preocupação para a saúde.

O Painel CONTAM notou que pode ocorrer um abrandamento adicional no consumo de nitratos resultante do processamento e.g. lavagem, descasque e /ou confecção, conferindo uma margem de segurança extra para os consumidores.

Parma, 6 de Junho 2008



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[1]A dose de 400 gramas baseia-se nas recomendações da OMS para o consumo de vegetais e fruta. O Painel procedeu à avaliação do risco baseado na assumpção de que a totalidade dos 400 g eram de vegetais, como é o caso para alguns grandes consumidores em vários Estados-Membros da UE.

[2] A dose diária admissível (DDA) para os nitratos é de 3,7 mg/kg peso corporal /dia e foi estabelecida pelo Comité Científico para a Alimentação Humana (CCAH) e reconfirmado pelo Comité Conjunto de Peritos da FAO/OMS para os Aditivos Alimentares (designado por JECFA) em 2002. O Painel CONTAM notou que não existiam novos dados para alterar aquele parâmetro. A DDA é a quantidade de uma substância específica que pode ser ingerida oralmente durante toda a vida sem constituir um risco apreciável para a saúde.

[3] Os metabolitos e os produtos de reacção do nitrato, e.g. nitrito, óxido nítrico e compostos N-nitrosos podem conduzir à doença metahemoglobinémia (resultando num abastecimento de oxigénio ao sangue limitado) e têm potenciais propriedades carcinogénicas.

[4] Regulamento (CE) nº1881/2006, da Comissão, que, entre outros contaminantes nos géneros alimentícios, fixa os níveis máximos de nitratos/kg em espinafre e alface. A alguns países (Bélgica, França, Irlanda, Holanda e Reino Unido) foi concedida uma derrogação temporária destes níveis para um ou mais destes dois vegetais até Dezembro de 2008.